Finanças dos Clubes Brasileiros – Dependência da Vendas de Atletas

Postado em 26 de agosto de 2020   artigos

O que o Exercício Contábil de 2019 nos mostra?

Os meses de junho e julho passaram a ser, desde 2011, o período em que o Itaú BBA, o maior banco de investimento da América Latina, divulga sua análise sobre as finanças dos clubes de futebol brasileiros, uma vez que a a apresentação dos seus balanços contábeis do ano anterior tornou-se obrigatória.

Embora o relatório nem sempre esteja atualizado a respectiva a situação de cada um dos clubes, trata-se de um material bastante relevante em função da instituição que o chancela, transformando-se em referência para comentários e análises financeiras do esporte.

Além de utilizar fontes públicas, a análise feita pelo Itaú BBA contextualiza e descreve todos os indicadores disponíveis.

Vamos à questão prática. Ao olharmos para o ano de 2019, sob a ótica do Itaú BBA, encontramos um crescimento nas receitas dos Clubes Brasileiros. Ao analisar a variação das receitas entre 2018 e 2019, um dado chama muito atenção: as receitas geradas na transação de atletas representaram 23% do total. Veja cada um dos aspectos e quanto eles contribuíram para o crescimento total:

  • Direitos de TV: aumento de 6% entre 2019 e 2018;
  • Bilheteria/ Sócio Torcedor: aumento de 9% entre 2019 e 2018;
  • Publicidade e Patrocínio: aumento de 11% entre 2019 e 2018;
  • Transação de Atletas: aumento de 22% ente 2019 e 2018.

Então, vemos que  a cada R$ 1,00 faturado, quase R$ 0,25 provém da venda de atletas –geralmente ao mercado externo.

Trata-se de um dado relativamente preocupante, uma vez que a venda de atletas não é recorrente e pode representar prejuízo técnico para as equipes. Vamos lembrar que há uma série de incertezas relacionadas a reposição dos atletas vendidos, certo?

Quando a reposição não ocorre da forma planejada, esse prejuízo técnico pode remeter à impactos negativos nas receitas de Bilheteria e de Sócio Torcedor, pois como você já leu aqui na Stadiumetric, times menos competitivos impactam a satisfação do torcedor, que passa a reconsiderar sua ida ao estádio , bem como a manutenção dos pagamentos de mensalidade do programa de Sócio Torcedor.

Não seria absurdo dizer, então, que a cada grande talento que deixa o Brasil com destino ao exterior, o clube se expoõe à possibilidade de queda na qualidade técnica do espetáculo, impactando negativamente na ocupação dos estádios e em seus níveis de audiência.

Mas, mesmo com o aparente aumento das receitas, a saúde financeira dos clubes tem melhorado? Vamos responder a essa e outras questões no nosso próximo artigo. Acompanhe nossas análises e fique por dentro do cenário financeiro esportivo.

Até a próxima!