O Basquete Mudou? As mudanças nos últimos 10 anos

Postado em 3 de novembro de 2020   artigos

Cestas de 3 mudaram o jogo?

Depois de nossas primeiras análises dos dados da NBA, Temporada 2018-2019 (Playoffs & Temporada Regular), resolvemos ampliar o escopo da análise para contemplar um tempo maior. Nos dados que este artigo contempla, nós explicamos como o jogo mudou analisando os seguintes dados:

  • quantidade de pontos anotados pelas equipes
  • composição desses pontos

Os pontos no basquete são obtidos  por meio das cestas de 1, 2 ou 3 pontos. Nos últimos anos, é possível observar uma considerável alteração na proporção de acertos por para cada opção de pontuação, tanto nos jogos de temporada regular como nos playoffs, conforme os gráficos a seguir.

Essa alteração na proporção dos pontos obtidos gerou uma mudança na quantidade de pontos obtidos por uma mesma equipe. Quando analisado o número de pontos conquistados com cestas de 3 pontos., essa comparação fica ainda mais evidente: na 1° temporada da série analisada, os pontos obtidos com cestas de 3 pontos alcançava 19,3 durante a Temporada Regular, passando a 36,5 na última temporada. Esse crescimento é acima de 70%, tanto em Temporada Regular como nos Playoffs.

Outro componente que também contribuiu para uma elevação na pontuação é a velocidade do jogo. A quantidade de tentativas de arremessos cresceu de forma substancial:

Os dados do gráfico também confirmam a impressão de que os jogos de Playoffs são um pouco mais “travados” mas, ainda assim, também apresentaram evolução em sua velocidade. Há uma frase famosa atribuída a Michael Jordan,  que diz que “os playoffs separam os homens dos meninos” e, aparentemente, ter que lidar com um jogo mais travado, de marcação mais dura em comparação com a Temporada Regular, envolve essa habilidade.

E os estilos de jogo, também mudaram?

Utilizando a mesma metodologia de uma de nossas análises anteriores, agrupando as equipes por variáveis que entendemos formar um estilo de jogo (quantidade de arremessos de 2 pontos, quantidade de arremessos de 3 pontos, número de assistências e número de rebotes), analisamos como esses estilos concentram equipes ao longo dessa década. Desta forma,  testamos a hipótese de que todas as equipes mudaram o jogo. Caso essa hipótese se confirme, haverá uma alteração bastante intensa na distribuição de equipes pelos estilos, previamente mapeados.

O aumento da velocidade do jogo, com um número maior de tentativas de cestas ocorrendo, também aumentou o nível das variáveis que utilizamos para categorizar estilos de jogo: rebotes e assistências. Portanto, em 10 anos, a NBA teve as seguintes alterações em sua dinâmica:

  • o jogo se tornou mais rápido, fazendo os times trocarem mais tentativas de pontos;
  • nesse total de tentativas, o número de tentativas de cestas de 3 pontos aumentou de forma substancial (mais de 70%), enquanto o número de tentativas de cestas de 2 pontos caiu (cerca de 10% de queda)
  • as assistências e rebotes acompanharam o crescimento da velocidade, aumentando de nível também.

O jogo ficou mais coletivo? Não necessariamente. Entendemos como jogo coletivo um um conjunto de variáveis que contemplem mais jogadores (distribuição das variáveis que compõem o jogo o elenco). Mas, não temos essa resposta, ainda.

Qual jogo é mais eficiente?

Quando analisamos todas as temporadas, fica claro que o jogo mudou.

Para tirar esse efeito de uma alteração relacionada à todas as equipes, agrupamos as equipes de acordo com os mesmos indicadores, mas em relação à média de cada temporada analisada. Assim, times que arremessavam mais cestas de 3 pontos em relação às outras equipes são vistos como “do mesmo estilo” de quem faz isso atualmente, mesmo com a quantidade de tentativas sendo diferente em termos absolutos.

Feito isso, vamos observar as características de cada estilo:


Chamamos de “Reboteiros Solidários” o estilo marcado pela maior quantidade de rebotes e assistências. O estilo “Quase tudo” é marcado por uma média sempre inferior em todas as variáveis. O jogo simples é caracterizado por maiores tentativas de 2 pontos. Já os “Arremessadores Compulsivos” têm um maior número de tentativas de 3 pontos. Em relação à classificação de estilos de jogos apresentada no artigo anterior, houve uma alteração, principalmente quando consideramos a variável assistência e rebotes. Isso ocorre pelos dados utilizados na criação dos estilos serem diferentes, considerando um conjunto maior de equipes e temporadas.

Ao analisar o percentual de equipes e seus estilos de jogo que resulta em sua classificação para os playoffs, a tabela a seguir nos revela algumas informações interessantes:

  • times que sempre tiveram um maior número de tentativas de bolas de 3 pontos geralmente possuem um maior índice de classificação para os playoffs;
  • não há uma forma única de encarar o jogo que leve ao êxito da equipe. Contudo, as últimas temporadas apresentam uma tendência de premiar equipes que buscam um jogo solidário (maiores assistências);
  • rebotes parecem ser muito importantes no jogo. O grupo com dificuldades nessa variável tem os piores índices de classificação para playoffs (só classificou pelo menos metade das equipes com esse estilo em três temporadas);
  • times com deficiência na bola de 3 pontos também apresentam dificuldade de classificação para a pós-temporada (em apenas duas temporadas equipes com esse estilo mais “básico” classificaram mais da metade de seus praticantes para os playoffs.

E aí? Já mudou de opinião sobre qual estilo é melhor? No próximo artigo vemos as chances de título de cada estilo.

Até a próxima!